Tomando Nota

Por Marcos Ramos

O som do jazz (ou Meu engenheiro preferido)

Aeroporto de Lima, 28 de maio de 2025

Desde que me lembro de mim, gosto muito de música. Além de escutar muita música, sempre gostei de pensar e de falar sobre ela. Sou um instrumentista amador: estudei um pouco de piano na infância e na adolescência, mais tarde me dediquei por algum tempo ao pandeiro, tive bandas e cheguei a tocar em bares e festas. Apesar de ter perdido a prática, ainda sei ler, aos trancos e barrancos, uma partitura. Digamos que, em termos de música formal, sou alfabetizado, mas não fluente. Gravei meia dúzia de faixas que se pode encontrar na internet com algum esforço — e ouvir com mais esforço ainda. E a coisa parou por aí, porque sempre houve uma grande incompatibilidade entre o que eu gosto de ouvir e o que consigo tocar. Com o tempo, esse desencontro se tornou insuportável — para todos — e preferi deixar o instrumento de lado. Confesso que vez ou outra cometo uma letra de canção, mas isso é outra história. Canção, para mim, está na gaveta da literatura. É outro papo.

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Tatekieto ou como dançar sobre a irreconciliação

Rio de Janeiro, 25 de maio de 2025

Garimpar álbuns online, ao contrário do que se pode imaginar, é uma luta constante contra o algoritmo. A explicação é sucinta: ninguém sabe exatamente como funciona a caixa-preta, mas a experiência nos mostra que dois elementos são fundamentais no mecanismo coercitivo do Deus-máquina. Primeiro: ele opera sem criar rupturas na experiência de audição — em bom português, trabalha de modo que você não perceba que sua playlist terminou e que, a partir daí, as rédeas passaram para as mãos dele. Segundo: ele tenta empurrar goela abaixo (ou ouvido adentro) músicas que um grupo representativo de pessoas, que aparentemente tem o mesmo perfil de ouvinte que você, está escutando. O problema é que, na luta contra o programa, você nunca sabe se o que está escutando é fruto de uma vitória sua ou dele.

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